quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Críticas ao Ateísmo

 
Recentemente, li numa página de um conhecido a seguinte mensagem , que não especificava seu autor :
“A existência de Deus independe de crenças ou descrenças. Ao inverso do que procuram fazer crer alguns, o ateísmo nunca é conseqüência de madura reflexão, ou resultante inelutável do conhecimento científico ou filosófico, é fruto de orgulho e rebeldia, uma manifestação da puberdade intelectual, como a acne o é da biológica. Para afirmar o próprio ego, busca rejeitar a autoridade. O ateu militante, encara a descrença como dogma, e a destruição da fé em Deus como um apostolado, em sua revolta anti-espiritual elege o próprio ego como o deus de si mesmos.Buscando justificativas racionais para a escolha feita, encantam-se ainda mais com a própria inteligência. Mas, ao contrário do que propalam, sua opção nada tem de racional, explicando-se melhor por um processo emocional. Acreditando compor uma seleta elite, ao fazerem da própria descrença um dogma e da ciência uma seita, olham de cima para os que crêem em Deus, considera como pessoas de mentes infantis, Isso os infla ainda mais de auto-importância e satisfação."
Vamos analisar esta crítica com cuidado
I) “A existência de Deus independe de crenças ou descrenças.”
                Ponto bastante complexo. A existência e a inexistência do que quer que seja independe da crença a ela atribuída. Porém, o fato de haver ou não crenças acerca da existência de algo não prova, de maneira nenhuma, sua existência. O que se deve pensar é : se é necessário que se creia na existência do que quer que seja, isso significa que esta existência não é absoluta. Por existência absoluta se entende aquele que é óbvia, clara, experienciável. Por exemplo, não há quem não acredite que o Sol exista pois , a cada dia, qualquer um pode vê-lo e senti-lo.Se qualquer outra categoria de existência necessita de fé para que se configure como viável, esta está errada. Aquilo que não é experienciado por nenhum dos sentidos e aptidões humanas (em dimensão conjunta e inquestionável, aliás) é a simples definição de "inexistente".
II) “Ao inverso do que procuram fazer crer alguns, o ateísmo nunca é conseqüência de madura reflexão, ou resultante inelutável do conhecimento científico ou filosófico, é fruto de orgulho e rebeldia, uma manifestação da puberdade intelectual, como a acne o é da biológica”
Esta afirmação é alvo de sua própria crítica. Se o Ateísmo não fosse fruto de madura reflexão , seus teóricos seriam pessoas influenciadas por um sentimentalismo débil. A crítica Ateológica parte do princípio da observação filosófica , científica e histórica - tão empírica quanto for possível - que visa apontar as lacunas e contrariedades que a religião impõe à realidade. Procura tornar toda a produção teológica passível de debate e investigação, e repudia qualquer forma de censura ou imposição. Dizer que o Ateísmo é fruto de orgulho e rebeldia é tão ridículo quanto dizer que o Teísmo é fruto de humildade e obediência. É tão ridículo quanto dizer que a população ateísta o é porque tem afinidade com ações pecaminosas, e ignora qualquer regra imposta para evitá-las. Em primeiro lugar, o ateísmo nega a classificação do que quer que seja como "pecado". Quanto ao orgulho, o crítico pode estar se referindo a negação de Deus e à elevação do ser humano ao status de divindade. Tal posição também não confere : o ateísmo defenderá que não é necessário que haja uma entidade superior que governe a Natureza. Cai-se aqui no paradoxo inicial : o ateísmo nega a existência da entidade superior pois esta não é absoluta. Quanto a rebeldia, parte-se do princípio que o ateu se rebela de algum tipo de lei absoluta. Em primeiro lugar , o ateu nega e ignora estas leis, em vez de se rebelar. A sutil (ou não tão sutil) diferença entre as ações descritas é a chave do entendimento desta argumentação. Se o ateu se rebela contra as leis Cristãs (por exemplo) , os Cristãos se rebelam contra as leis muçulmanas, espíritas, pagãs, cabalistas, naturalistas e milhares de outras tantas. O que isso traz de autoridade ao argumento teísta? absolutamente nada. Finalmente, o crítico fala que o Ateísmo é manifestação de "puberdade intelectual". Ateus de plantão poderão dizer que se trata de liberdade de pensamento, crítica e expressão. Liberdade, não libertinagem. Aliás, a moral laica é universal enquanto a religiosa é restrita a grupos conflituosos. Além do que, se o pensamento teísta for "maduro" , esta maturidade é repudiável em cada um de seus sentidos : segregação, preconceito, morte,censura,guerras e tantas outras manifestações parvas de humanidade se apresentam entre a história das religiões. Poderão dizer que no lado laico e ateísta também há estas manifestações.Exatamente. E porque isso provaria que a religião é maior do que sua ausência?Esta constatação só exprime aspectos da natureza humana, que a religião clama tanto poder controlar. Além do que , enorme parte dos genocidas e assassinos da liberdade que a humanidade jamais conheceu se declaravam praticantes de grandes religiões.É incrível como estas os negam depois de realizadas suas obras...
III) “O ateu militante, encara a descrença como dogma, e a destruição da fé em Deus como um apostolado, em sua revolta anti-espiritual elege o próprio ego como o deus de si mesmos.Buscando justificativas racionais para a escolha feita, encantam-se ainda mais com a própria inteligência.”
                Este pequeno trecho contém vários pontos importantíssimos. Em primeiro lugar, analisemos o apresentado ‘dogma da descrença’. O que devemos analisar primeiro neste ponto é o significado e emprego da palavra ‘dogma’. ‘Dogma’ é explicado como “verdade de fé”, por mais paradoxal que o termo possa ser. Sendo assim, o texto nos afirma que todo ateu é descrente por fé na inexistência de Deus. Se este aspecto fosse minimamente verdadeiro, o Ateísmo como posição social seria tão ridículo quanto o alvo de suas críticas. Ao contrário, o Ateu professa tal posição justamente pelo fato de julgar insuficientes todos os argumentos que ‘provam’ a existência de Deus, os quais serão abordados futuramente.
                Em sequência, o texto afirma que o ‘apostolado’ do Ateu é a ‘destruição da fé em Deus’.É desnecessário dizer que a prática do ‘apostolado’ é não só abominada como também não empregada por nenhum ateu consciente. O Ateísmo não quer nem precisa que as religiões se destruam, ou que a fé deixe de existir. O que o Ateísmo clama a plenos pulmões ao mundo todo é o direito de existir livre dos infinitos preconceitos que sofre por parte dos religiosos e dos líderes políticos e sociais. O Ateísmo exige o direito de se pronunciar abertamente em emissoras de televisão em horário nobre sem ser ridicularizado , exige ser socialmente aceito como as mais ridículas e aleatórias religiões e , o mais importante, exige que seus praticantes sejam tratados como merecem, e não como a expressão do campo “outros (cite)” em qualquer pesquisa ou dado estatístico oficial.
                O texto ainda trata o Ateu como um revoltoso. Denomina sua postura cética em relação ao nocivo conceito de Deus de ‘revolta anti-espiritual’ e afirma que o Ateu elege seu ego como deus de si. Só uma pequena observação : me parece que o autor deste texto é o verdadeiro orgulhoso, revoltoso, infantil , parvo e militante. Mas voltemos à análise do texto. O Ateu não é um revoltoso, é um cidadão como qualquer outro,mas que clama por seu direito de nunca mais ser incomodado com qualquer tipo de discurso religioso, de qualquer religião e de quem quer que seja.  A isso chamam de ‘revolta anti espiritual’. O Ateu não é anti espiritual pois não aceita o conceito de ‘espírito’ e ‘alma’, uma vez que estes nunca foram provados nem sequer remotamente sugeridos por qualquer processo científico. O ultimo argumento desse trecho me parece pura “dor de cotovelos”. Dizer que o ateu elege seu ego como deus de si é a prova cabal do analfabetismo do interlocutor. Se Ateu é aquele que se nega a professar uma fé e a adorar qualquer tipo de divindade, como poderá eleger para si um Deus? Ao que consta , é a religião o fenômeno paradoxal por excelência, não a ausência desta.
                Finalmente, o último argumento do trecho deste tópico mostra as intenções difamatórias do autor. Parece assombrar e ofender profundamente o autor o fato de que o Ateísmo justifica-se com ciência e produção intelectual séria. Ora, seria ridículo justificar o que quer que seja com somente argumentos irracionais e não baseados na experimentação e discussão científica, não é mesmo? O autor discorda. Ainda é dito que os Ateus se espantam cada vez mais com sua inteligência, o que é tendencioso e mentiroso. Os Ateus não se espantam com a evolução científica e com o avanço das experimentações que oferecem respostas coerentes às dúvidas mais inerentes à humanidade. Não. O que os espanta é ver que , mesmo com esses avanços e essas respostas, ainda há pessoas que se negam a abrir os olhos a tantas realidades e a modificar suas crenças , para tornar seu discurso menos ridículo.
IV) “Mas, ao contrário do que propalam, sua opção nada tem de racional, explicando-se melhor por um processo emocional. Acreditando compor uma seleta elite, ao fazerem da própria descrença um dogma e da ciência uma seita, olham de cima para os que crêem em Deus, considera como pessoas de mentes infantis, Isso os infla ainda mais de auto-importância e satisfação.”

                Analisemos o último trecho do texto. A primeira frase é chocante. O autor afirma que o Ateísmo nada tem de racional e se explica por um processo emocional. Qual? Revolta? Não, caro filho de Deus, o Ateísmo não se fundamenta sobre o pantanoso terreno das ‘certezas’ emocionais.  O Ateísmo nega o Criacionismo pelo simples argumento lógico de que nada “existe desde sempre”. O Ateísmo nega que exista um Espírito de qualquer origem que dite as ações dos altos líderes religiosos do mundo pelo simples fato de que estes foram os autores de algumas das maiores atrocidades que a humanidade já conheceu. Porém, o Ateísmo tem a humildade de reconhecer-se falho no dia em que ficar absolutamente provado que suas críticas estão infundadas e que, de fato, existe um Deus. Os Ateus não se consideram uma “seleta elite”. Ao contrário, são uma “seleta minoria” que, com o desenvolver de suas vidas, adquiriu um passaporte direto, sem escalas e em velocidade surpreendente, aos quintos dos Infernos, diriam os religiosos. Agora, pense, quem é que se considera superior e seleto aqui?! Também não é dogmática sua descrença, como já dissemos, nem a Ciência é a sua seita. A Ciência é sua ferramenta, através da qual suas teorias podem ser comprovadas ou destruídas e sua concepção de realidade expandida. O Ateu não olha prepotente para aqueles que professam uma fé. Ele olha, geralmente, pelo canto dos olhos, procurando correr o mais que pode da multidão armada de Bíblias, água benta, carteirinhas de Dízimo, cruzes, panfletos sobre a pós morte e palavras ininteligíveis que crêem serem a “língua dos anjos”. O Ateísmo não pode considerar os religiosos como possuidores de mentes infantis ou inferiores. Alem de a Ciência haver provado a inexistência de qualquer grupo superior entre os Homo sapiens, existem inúmeros grandes cientistas que são religiosos, como Francis Collins, por exemplo. O Ateu não é sádico, vingativo ou marginal. Pelo contrário, geralmente é contra isso que luta, intelectualmente, aliás. Não organiza passeatas, marchas, romarias, procissões, cultos campais nem qualquer outra manifestação pública de sua descrença pelo simples fato desta ser proibida e ridicularizada pela sociedade. Porém, não quero deixar a impressão de que os Ateus são “pobres coitados”. Os Ateus não se sentem intimidados pelos processos citados acima. Ao contrário, se sentem obrigados a , cada vez mais, contribuir para a laicização da sociedade e sua evolução rumo ao respeito e tolerância mútuas, à igualdade de direitos e , o mais importante, de posição religiosa.


domingo, 25 de outubro de 2009

Oráculos Sentimentais , parte II

A já brevemente discutida necessidade doentia por atenção e valorização individual parece gerar uma hierarquia entre os semelhantes e "frutificar" (será?) na forma de "dons". Estes "dons" se definem como aptidões espirituais concedidas a alguém : clarividência, clariaudiência, profecia, etc. O que é mais curioso é o fato do completo e total desconhecimento desses "abençoados" de mecanismos sociais básicos e simples , como a linguagem falada e escrita para transmitir suas visões e vislumbres, a produção intelectual e interpretação da mesma por parte da hierarquia intelectual da sua Igreja ( me refiro explicitamente à RCC aqui) e a capacidade de articular e absorver disso alguma informação útil ou prática. É mais importante a eles cultivar uma cultura de 'dons' imaginários e inúteis , que criam indivíduos arrogantes e prepotentes capazes de pregar assiduamente as "verdades" de sua religião, mas incapazes de minimamente vivê-las. Em momentos de "oração" (trataremos disso melhor mais tarde) alegam ver, ouvir e sentir o que Deus quer , e então põe em prática, doa a quem doer , afinal ,é Deus quem mandou.O que parece contraditório com pitadas de absurdo é o fato desses mesmos carismáticos pertencerem a uma religião chamada Católica Apostólica Romana e se esforçarem por considerar a si mesmos mais "ungidos" que seu próprio prelado! Exemplo prático : a Igreja Católica , em seu Catecismo, não reconhece o amontoado de palavras sem nexo proferidas sem motivo como "oração na língua dos anjos". Considerando a existência real de anjos, seu método comunicativo não seria mais complexo que o de um cão com sarna : são gemidos , gritos histéricos e um tal de "xandarecandarelalalá" que não quer dizer absolutamente nada ,exceto que aquele que fala sofre de graves distúrbios mentais. Face a esta proibição e aconselhamento da Igreja, os carismáticos alegam que Joseph Ratzinger , isto é, imaginando que se dão ao trabalho de pesquisar o nome do atual Papa e o Cardeal responsável ,à época, pela revisão do Catecismo em questão,não é "ungido por Deus"! Ora, agindo assim estão claramente negando o credo que professam! E esta pequena manifestação herética recorrente no meio é completamente justificável : "Deus colocou isso no meu coração, então é verdade!"
Quanto à produção intelectual ocorrem dois casos : ou a desconhecem profundamente, ou não são capazes de processá-la com o aparato crítico conveniente. No primeiro caso, passam a pensar que produção intelectual é livróide de auto ajuda. Aquelas baboseiras do tipo "Seja uma benção" ou então "Jovens restaurados", que nada mais fazem do que alimentar o ego já doentio e as falhas de caráter dessa categoria.
No segundo caso, conhecem algumas publicações de cunho filosófico e teológico mas não tem a visão crítica necessária para ler uma obra desse tipo. Tomemos como exemplo a Encíclica Fides et Ratio de João Paulo II. Em seu prefácio, o autor fornece um breve diagnóstico da filosofia moderna e contemporânea : a seu ver esta se desvirtuou, perdeu o foco, está ensimesmada e não é mais capaz de 'olhar para o alto'. Desse modo, o autor revela que à Igreja Católica cabe a Diaconia da Verdade, e que é responsabilidade sua produzir e pregar esta mesma verdade. Ora, a todo aquele que lê estas palavras não deve inundar um sentimento de orgulho ou arrogância. O que deve ser feito é entender as palavras do autor e procurar justificá-las. Caso contrário , criam-se inúmeros papagaios defeituosos, que saem pelo mundo espalhando que a Filosofia contemporânea é desvirtuada e inverossímel sem conhecer um único autor contemporâneo criticado por João Paulo II , muito menos uma linha sequer de sua obra. A Fé e a Razão andam juntas, alega o falecido Papa, mas se a sua Fé e a sua Razão apontam para direções distintas, digo eu, siga a Razão : é ela que define o Homem , é dela o mérito de todas as boas realizações em nossa História.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Oráculos Sentimentais - parte I

Alberto Caeiro dizia que ver o mundo é senti-lo , tocá-lo, poder vivenciá-lo com cada parte do nosso corpo. No caso da religião popular pós-moderna , esse fenômeno parece denotar uma realidade mais profunda e absurda.
A necessidade patológica dos religiosos , especialmente cristãos, pelo sentimento de Deus é injustificável e infantil. Talvez se tornar parte do inexplicável aumente uma auto-estima machucada pela realidade da vida, talvez desponte uma diferenciação hierarquico-social, ou talvez seja apenas mais uma grande bobagem. Fala-se muito em "conhecer", "ouvir", "sentir" e "falar" com Deus. Fala-se muito em "amigos" de Deus. Ora, parece-me incoerente que Deus seja um sentimento. Sente-se fome, sede, saudade, frio, alegria, tristeza, raiva, inveja. Não se pode "sentir" alguém , mas algo. É igualmente incoerente o fato de se ouvir e falar com Deus. O diálogo (como sua raiz etmológica propõe) consta de dois momentos : o de proferir e o de ouvir o discurso. Ausentes uma dessas situações, não há diálogo. Da mesma forma, não se mantém um diálogo com utilizações distintas dos códigos comunicativos pelas partes envolvidas. Com códigos iguais há uma otimização na relação comunicativa, e o diálogo acontece.
Então, é incoerente que se "fale" com palavras e pensamentos e que a "resposta" venha em forma de "certeza no coração". Ora, ponha-se um sujeito qualquer a pensar sobre um assunto que lhe preocupe, e o faça por vários minutos, que uma solução surgirá, embora nem sempre a correta. Dar a esse fenômeno de auto conhecimento e meditação interior o nome "diálogo com Deus" é , no mínimo, incoerente. Da mesma maneira, o "conhecimento" de Deus não pode se configurar como passível de acontecer. Não se conhece o que não se deixa conhecer. Não se conhece alguém por intermédio e relato de outrém! José não pode conhecer João através dos relatos de Joaquim. Conhecimento implica em presença física no mesmo lugar e no mesmo espaço de tempo , somado à disposição de estabelecer uma relação comunicativa valendo-se de uma linguagem qualquer.
Se me fosse dado o direito de eleger uma virtude como a maior, essa seria o Equilíbrio. A falta dele, por consequência, seria o maior pecado. Desequilibrio emocional sempre resulta em carência afetiva. Num mundo de informaçoes rápidas, transações complexas e reduçao da particularidade individual a dados numéricos, é exponencial o aumento dos surtos de carência afetiva. E, como sempre na História humana, uma grande mudança social requer uma prática que a justifique. Neste caso , o Neopentecostalismo veio como "presente dos céus". A culpa das infelicidades da vida não é mais do indivíduo : sempre há alguem que "fez um trabalho" ou que "acendeu uma vela" a alguma entidade imaginária. E é necessário entender a complexidade desta situação! Ao acreditar nas "forças do mal" agindo contra o "povo escolhido" , o indivíduo se exime da culpa e da responsabilidade por seus atos. Ao se eximir das culpas e particularizar cada palavra de prosperidade proferida, o indivíduo é cativado pela crença e pela ritualística a ele apresentada.
A necessidade patológica de participar do Sagrado vista hoje nos meios ditos Carismáticos é sintoma da carência do povo. É necessário encontrar uma brilhante e refinada justificativa para a morte de inocentes , para a perda de entes queridos e para cada passo errado que se dá na vida, quase sempre como sendo tudo aquilo parte de um plano maior qualquer. Mas é maior, é mais complexo e , por isso, não nos é dado o direito de conhecê-lo. As linhas são tortas,mas a escrita é correta e perfeita. É curioso como só se podem ver as linhas tortas...